Gatos no balde
Hoje de manhã quando fui trabalhar, passei por uma experiência bastante emocionante, pelo menos para mim e os amantes de animais. Se você não se comove com animais diariamente, pode parar de ler este texto, para você será mera perda de tempo, mas para você, amante de animais, siga que vai se emocionar.
Entrei na casa onde fui trabalhar e a empregada falou para o Tiago, um funcionário, e para mim, que o quintal da casa estava cheio de gatos, gatinhos, que ela iria jogar-los fora por causa do cheiro a mijo, e porque não gosta de animais, e porque são bla bla bla. Imediatamente fui correndo ver-los. Uma poesia em pelos...pelos em poesia...quatro filhotes em um cantinho no chão e a mãe em guarda, fofa, com as tetinhas ainda inchadas, no teto da casa, só olhando o que eu estava fazendo alí, mega ultra fofa, tipo mãe em vigília. Conversando com o Tiago, que vejam só como são as coisas, eu achei que seria uma das últimas pessoas a se preocupar com animais, e foi ele o primeiro a mandar a empregada, ´longe´, de qualquer forma, chegamos a conclusão que a mãe deve ter achado este cantinho protegido para parir na sexta dia 29 de Outubro, hoje é quarta, achamos que ou pariu ali, ou carregou-os durante o feriado um por um da casa do vizinho.
Eu estava começando a ficar com uma mistura de raiva incontrolável da empregada, que não parava de falar em fazer mal ao gatos, eu sentia pena dela por não amar estas vidas, e impotência, porque não conseguiria convencer um taxista a colocar a família dentro do carro e levar-los inicialmente ao meu apartamento, que em alguns dias não será mais meu, estou de mudança.
Não conseguiria de forma alguma, simplesmente virar as costas e seguir meu dias. Me conheço e não suporto injustiça e descaso com nenhum, nenhum animal, e muito menos filhotes, a mãe é adulta e já mora nas ruas faz anos, até me conformo com isso, mas nunca filhotes.
Comecei a trabalhar quando vejo a empregada pegar um balde, isso mesmo, um balde e colocar, ou melhor,0 jogar os quatro filhotes dentro e despeja-los no meio da rua, claro que ela usou um balde, é seu instrumento de trabalho. Outras pessoas tem como instrumento de trabalho o computador e fazem o mesmo com animais, outros intelectuais e donos de grandes multi-nacionais fazem isso massivamente com animais. Não é racista, não é social, o problema é amor a vida. Vale também para plantas...
Os quatro gatinhos, um mais fofo que o outro, foram para baixo de um taxi estacionado na frente da casa. Neste momento eu não queria saber de mais nada, a não ser resolver este impasse, este sofrimento dos gatos, da gata e meu. Minha colega de trabalho, me ofereceu seu carro para levar-los para casa, mas resolve esperar, graças a deus. O vizinho desta casa, que era dono do taxi veio até a calçada e começamos a tentar descobrir de quem era a gata. Ninguém sabia, em alguns minutos o zelador do prédio se junta a nós, ao qual mais duas pessoas também. No final de alguns minutos só faltava chegar a Elizabeth Taylor, deusa e com um coração do tamanho da minha vontade de ganhar na loteria e poder ajudar, recolher e alimentar os milhões de bichinhos abandonados por aí. E você se perguntaria, e os seres humanos morrendo de fome? Bem para eles temos o Bono.
Peguei um deles e o coloquei no jardim da frente da casa do taxista, peguei mais um, e não consegui achar os outros dois, aterrorizado eu comecei a ver se estavam do outro lado da rua, bem movimentada de carros, nada, até que comecei a escutar o miado deles vindo de baixo do taxi, eles tinha entrado em partes ocas de baixo do carro, bem difíceis de serem localizados. Eles estavam assustados e bravos, não tinha como pega-los, até que me lembrei que tinha um par de luvas na moto. Neste momento o Tiago, o grande Tiago aparece com uma caixa de papelão, um pano para eu poder deitar no chão no meio da rua sem me sujar, muito, e mais luvas, ficamos bastante tempo para tirar o terceiro gatinho mega fofo, ou fofa. Naquele momento o que menos me importava era o sexo dos filhotes.
O taxista super sensível, coitado, tinha que ir trabalhar, mas estava mais preocupado com o que fazer com os filhotes, comentou comigo, se eu deixar estes gatos na minha casa, meu tio, dono da casa vai tratar-los igual ou pior que a empregada. Foi quando comecei a ficar mais preocupado ainda, o que fazer com eles uma fez que os tirasse-mos dali?
O último gato estava tão assustado e enfiado em um buraco entre o eixo traseiro, freio e tanque, comecei a pensar em chamar os bombeiros, procedimento completamente normal em um país normal...ops...esqueci que...deixa pra lá, quero falar bem, quero elogiar estas pessoas que estavam ao meu lado. Não adianta eu xingar os que não gostam de animais, não gostam e pronto, não vou conseguir mudar isso, é o direito deles. Mas uma coisa é não gostar, outra completamente diferente é mal tratar ou não ajudar.
Enquanto experimentávamos varias formas de tirar e salvar a última bola peluda, chega a notícia que uma moradora, chamada Adriana, de onde aquele zelador trabalhava, tinha mandado dizer que era pra deixar-los em uma caixa dentro do prédio que ela sabia o que fazer. Nisso tivemos a idéia de trazer a gata mãe para conversar com o gatinho cabecinha durinha...funcionou maravilhosamente...em seguida começaram a conversar, o gatinho começou a querer se juntar a família e o Super Tiago conseguiu agarra a cabecinha dele e puxar-lo para fora do carro.
De vez em quando me lembrava que eu deveria estar trabalhando, mas rapidamente meu instinto bombeiro voltava.
Colocamos todos os gatos na caixa e os levei para dentro do prédio. Peguei a gata mãe cinza e branca no colo e a coloquei do lado da caixa. Imediatamente fui à procura de um pote para colocar água para eles e a procura de uma pet shop. Na primeira não vendiam comida molhada para filhotes, caminhei mais um pouco e achei uma mega pet shop, é incrível como os fatos iam se sucedendo. Comprei varios envelopes de comida para filhotes e para adultos. Perguntei se ele, o dono, conhecia alguma associação de animais achados no bairro, infelizmente ele não sabia.
Voltei e servi toda a comida para eles, para minha graaande sorpresa, la estava ele, o taxista, ele tinha voltado com carne moida, emocionante!!! Entreguei meu telefone e nome para o José, o zelador, e pedi para ele dar meu contato para a Adriana, a moradora que disse saber o que fazer com eles. José também me deu seu cartão para eu ligar mais tarde.
Durante o dia vou decidir se volto para pegar pelo menos um gatinho, se outras pessoas fizessem o mesmo todas as bolas de pelos teriam um dono. Cheguei em casa, dei um abraço na Maria e outro no Dracula e os relembrei como são felizes aqui dentro!!! E como eu sou feliz com eles aqui dentro.
Peter Singer é um filósofo vivo e imperdível para que ama animais, leia sobre ele.
3 comentários:
Precisamos mais pessoas solidarias com os animais!!!
Que lindo Francisco... Essa é a real história do "Caled"... Felizmente um desses gatinhos é meu filhote hoje... Sei lá por que, ou coisa de destino, ou algum "instinto gatistico" rsrsrs, o Francisco resolveu me presentear com essa bolinha de pelo... Meu tigrinho... Rsrs, um pentelho por sinal, mas no qual eu AMO! Obrigada Francisco!!!
Adorei a história, a piada sobre o Bono e o resultado da empreitada. Deu saudade de ti.
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